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Só quero coisas que durem

A maior parte dos produtos vendidos hoje em dia são milimetricamente programados para estragar logo e obrigar as pessoas a substituí-los comprando a mesma coisa de novo. Isso se chama obsolescência programada. Não é por acaso que lâmpadas queimam, eletrodomésticos modernos têm vida curta, chinelos arrebentam, não há peças de reposição para celulares. As empresas preferem que não exista conserto e que as pessoas voltem para a loja logo para adquirir coisas novas.

 

Foi por isso que eu desisti de ter a maioria dos eletrodomésticos. Vou contar uma historinha: há dois anos comprei um daqueles processadores de comida que picam e trituram os ingredientes em segundos. As hélices estão fixadas numa peça de plástico superfrágil que espanou. Embora o motor continue perfeito, o fabricante (Black+Decker) se recusa a oferecer peças de reposição. Eu nunca mais vou ter processador nem comprar nada dessa marca. Estou procurando um pilão de madeira bem grande, escavado em tronco, para fazer meus molhos no método de antigamente. Se você encontrar um me avise onde, por favor. E se quiser saber mais sobre obsolescência programada, recomendo muito o documentário The Lightbulb Conspiracy (A Conspiração da Lâmpada), disponível na internet, que tem também um nome em espanhol: Comprar, Tirar, Comprar.

 

O liquidificador e a máquina de lavar roupas aqui de casa têm quase 30 anos de idade. Muitas das minhas roupas também. Reformar e transformar vestimentas virou uma atividade prazerosa para as horas de lazer. Se preciso de alguma peça, evito ao máximo entrar numa loja. Procuro em brechós. Nas vezes em que compro algo novo, tento que seja de algodão. Quando rasga, remendo. Quando não dá mais para remendar, vira pano de chão. Quando não serve mais nem para limpeza, vai para o fundo dos vasos e se decompõe, virando alimento para as plantas. Estou chocadíssima com as notícias dos lixões de roupas no deserto do Atacama (Chile) e em Gana. Pior ainda é o lixo eletrônico. Os países ricos estão enviando ilegalmente milhões de toneladas de resíduos tóxicos para os países pobres.

 

As reflexões para esse post começaram quando olhei para o chinelo da marca Havaianas que estou calçando hoje. Ele foi do meu pai, que faleceu em 2014. Calculo que tenha sido fabricado nos anos 90. Vai andar comigo até a sola furar. Não compro chinelos dessa marca porque mudaram a fórmula da borracha para que resseque e arrebente. Agora duram pouco. Dá para comprar alças avulsas na feira e substituir. Mesmo assim não dura muito. Uma marca que ganhou minha admiração é a alemã Birckenstock. Os sapatos importados e caros, mas feitos para durar. Essa galocha verde comprei para levar à maternidade e receber meus filhos, que nasceram em 2001. São mais de 20 anos de uso intenso. Consegui remendar com linha de pesca a parte que rasgou e continuo andando por aí no maior conforto. Está surgindo no mundo um movimento político em defesa do Direito de Consertar. Já estou nele!

2 comentários em “Só quero coisas que durem”

  1. Claudia, vou te contar uma que aconteceu comigo …
    Sai com minha esposa para comprar um calçado para mim pois meu tênis estava se desintegrando, eu uso até não dar mais mesmo, fomos em Atibaia para comprar e estávamos andando nas lojas e não encontrava nada que me agradasse, que fosse durável e a preço bom, ai lembrei que eu tinha que comprar uns parafusos para usar aqui em casa, entrei na loja e minha esposa ficou no lado de fora, quando eu saí ela olhou para mim e perguntou o que é essa caixa??? Eu respondi ache uma bota bonita, barata e resistente kkkkk estou com ela desde 2017 usando praticamente todo dia e ainda está muito boa, na época paguei R$ 49,90, todos os tênis já custavam bem mais que isso. Ah o chapéu que eu uso foi comprado em um depósito de material de construção feito com lona de caminhão.

    1. Adorei seu depoimento, Sergio! Realmente essas coisas de marca são feitas para desmontar rápido. Temos que ir farejando onde encontrar produtos fabricados com outra lógica. Não é fácil… Bota de loja de construção já tive e rasgou depois de uns anos. Me manda a marca da sua, se souber, por favor. 🙂

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