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Comida de verdade até para o Nino

Esse é o Nino. E eu sou a cozinheira dele.

Nino, meu querido cão, morreu em novembro de 2019. Esse post, escrito quando ele ainda estava saudável, registra minha experiências como cozinheira canina. Segue o texto publicado em 2016:

Evito ao máximo os alimentos industrializados, mas até pouco tempo atrás o Nino comia ração. Na verdade, ele passou os 11 primeiros anos de sua vida se alimentando praticamente só de ração. Eu, ativista da comida de verdade, não estava dando conta de cozinhar para a família humana e também para o filho-cachorro. E, bastante culpada, alimentava o Nino com ração “de boa qualidade” (aquela mais cara). Dizia a mim mesma para não ficar tão perfeccionista e sobrecarregada. Até que fui obrigada a assumir a milésima primeira tarefa cotidiana: cozinhar para o cão.

Isso aconteceu porque, de repente, Nino teve uma diarreia que não ia embora. Na primeira crise, o veterinário medicou com uma injeção “para o fígado” e as coisas se normalizaram. Quando aconteceu de novo, fui para a consulta esperando o mesmo diagnóstico e remédio. Mas o doutor fez cara de desânimo e titubeou quando perguntei a causa. Recomendou um remédio humano para gases, sem muita convicção. Aí farejei o conflito de interesse: “Ele não pode falar mal de ração!”, pensei. Voltei para casa, não dei remédio nenhum e cozinhei um pouco de arroz branco com frango (aquilo que os não-vegetarianos comem quando ficam assim, né?). Em 24hs o problema sumiu. Aí fui estudar o site Cachorro Verde (http://www.cachorroverde.com.br/). A partir desse dia, adeus indústria transgênica da ração.

Depois da mudança, tentei dar apenas uma refeição de ração: a diarréia voltou. Tentei dar meio prato de ração e meio de comida de verdade: deu gases. Tentei colocar umas 7 bolinhas de ração junto com a comida caseira: sem problemas. 

Das três opções apresentadas pelo Cachorro Verde (dieta natural crua com ossos, sem ossos e dieta cozida), eu e ele nos demos melhor com a terceira. Não vou me atrever a resumir ou dar dicas, pois as orientações são muitas e detalhadas. Se tiver interesse, vai lá: http://www.cachorroverde.com.br/caes/dieta-cozida-para-caes/.

Mesmo usando ingredientes de boa qualidade, o rango caseiro sai bem mais barato do que ração. Mas nem tudo são flores. Tem o trabalho de preparar comida toda semana. Tem a disputa pelo espaço no congelador, já que não possuímos freezer. Tem o trabalho de comprar ingredientes especiais para o Nino. Tem a dificuldade extra, para alguém reduceriana como eu, de preparar vísceras, ossos & cia. Principalmente, tem a dor na consciência por comprar pedaços de animais mortos para alimentar meu cão. Incrível o poder alienador da indústria alimentícia: antes de preparar a comida do Nino eu não tinha sentido na pele esse detalhe, embora a divulgação no ano passado das histórias de escravização de pessoas no Oriente para as atividades de pesca da indústria pet tenha me chocado (veja aqui http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/08/1662374-escravos-do-mar-sustentam-industria-de-pescados-usados-em-racoes-animais.shtml). 

Enquanto cozinho para o Nino vou pensando nas injustiças. Num mundo em que falta comida para os humanos e a produção de carnes é responsável por tanta devastação, estou eu nutrindo o setor pecuário para alimentar meu querido carnívoro. Isso coloca em dúvida a possibilidade de futuros pets por aqui. Só que, enquanto o senhor Nino está firme e forte, vou criando novas receitas para ele e com ele do lado, mesmo que seja de madrugada, como já rolou…

Separando as raspinhas de legumes da refeição humana para colocar na receita canina daqui a pouco
Especial do dia: rabada com beterraba
A carne, crua, entra na hora de preparar as porções de arroz com legumes que serão congeladas
Oba, hoje tem cenoura, couve e beterraba!
Risoto canino de taioba
Arroz integral orgânico quebrado, taioba, cenoura e coração de frango. Tá servido?

3 comentários em “Comida de verdade até para o Nino”

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