Visitando o agricultor Boaventura em Iperó
* IPEÚNA * RIO CLARO * ARARAQUARA * ASSIS * BOTUCATU * IPERÓ * SOROCABA *
 
Em 5 dias visitei experiências relacionadas à produção de comida saudável (sem veneno) e recuperação de solo, nascentes, florestas, ar puro e relações de trabalho justas. Saí da capital com a intenção de ver de perto quem, apesar de todas as dificuldades, está conseguindo resultados. O que eu chamo de dificuldades é a falta de apoio governamental, de interesse de grande parte da sociedade na agroecologia e a hostilidade dos vizinhos. São situações variadas, que registro brevemente abaixo, uma cidade por capítulo.
IPEÚNA – O roteiro começou em uma das empresas de orgânicos mais bem-sucedidas do Brasil e talvez do mundo:
Korin. Estive lá há 10 anos para visitar galinhas(https://www.claudiavisoni.com.br/alim…/74-visita-galinhas/). Na última década o foco passou a ser produção de insumos, assistência técnica aos produtores associados, distribuição e marketing. Korin não comercializa mais hortaliças próprias nem cria o gado e os peixes que vende, mas tem uma rede de parceiros que se dedica a isso. 

 

Hoje em dia desenvolvem sobretudo soluções de biotecnologia, como adubos para agricultores profissionais e domésticos, ração orgânica para animais destinados ao abate e animais domésticos, produtos de limpeza que não fazem mal para a saúde nem poluem a água, sementes orgânicas, acelerador de compostagem e biorremediador para saneamento ecológico. Toda a ação da companhia é norteada pelos princípios da agricultura natural desenvolvida por Mokiti Okada e pelos preceitos da Igreja Messiânica. Boa parte dos produtos de origem animal consumidos na minha casa são Korin, uma razão a mais para revisitar o Centro de Pesquisas. A conversa foi ótima e aprendi muito.

 
RIO CLARO – A reunião ali foi com os companheiros do Partido Verde Paulo Teixeira e Ricardo Gobbi. Além do papo sobre política, óbvio que o assunto chegou nas questões ambientais. Fiquei sabendo que é uma das cidades com pior qualidade do ar no país por causa das indústrias de revestimento cerâmico. Há muita poeira de pedra (nome técnico: material particulado) no ar. Isso poderia ser resolvido com estradas lisas, filtros melhores e exigência de isolamento do material durante o transporte e produção. Mas as empresas não querem investir e a prefeitura fica refém dos interesses econômicos. O desprezo pela saúde humana infelizmente virou algo corriqueiro nesse mundo.

ARARAQUARA – Dormi na Casoca e fui visitar a Matoca. Explico: há alguns anos conheci os queridos Viviane Noda e Guto Zorello foram conversar comigo na Horta das Corujas. O vídeo está aqui: https://www.youtube.com/watch?v=JluIW6YiFQw. Depois eles mudaram para Araraquara e criaram a Casoca, morada coletiva permacultural, e seguimos conectados. Aí resolveram começar uma estação experimental de agrofloresta no sítio, a Matoca. Conversar com a Vivi e o Guto é sempre ótimo e foram eles que me apresentaram o Flavio Rodrigues, que todo mundo conhece como Preto e é liderança comunitária, periférica, universitária, agroecológica, afetiva e espiritual da região, além de um dos fundadores da Horta da Zona Norte (https://www.facebook.com/hortacomunitariadazonanorte/) que fica no Vale Verde, um dos maiores projetos de moradia popular do país, distante do centro da cidade e carente de infraestrutura. Para lá encaminhei uma emenda parlamentar para proteção de nascentes e cercamento da horta e a grana está para ser liberada. Depois da prosa e pouso na Casoca, fui para a Matoca e encontrei a galera que está residindo durante algumas semanas e ajudando na implantação da agrofloresta. 

Um esquema meio Robinson Crusoé coletivo e amoroso, um oásis de verde e biodiversidade no meio de um mar de devastação canavieira pulverizada por veneno. Local lindo e introspectivo, sem energia elétrica, sem sinal de celular e com banheiro seco e várias outras tecnologias permaculturais. Mesmo sendo proibido, os vizinhos ainda tacam fogo na cana e o incêndio esse ano quase destruiu tudo. A galera que estava acampada na ocasião apagou na unha e agora está se capacitando para prevenir e extinguir fogo. Aff…

ASSIS – A programação mais oficial da viagem. Fui falar sobre “Financiamentos, Emendas Parlamentares e Agroecologia” no 3o Fórum Regional de Agroecologia e Produção Orgânica, a convite da APROA (https://www.facebook.com/aproa.assis). Uma das organizadoras e líderes da associação é a querida Marina Pascon. Minha apresentação começa em 2 horas e 5 minutos nesse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4C4cC6WfTYk. Para quem é estudioso ou profissional da agroecologia recomendo dar uma olhada nas gravações do evento todo. Muitos feras passaram por lá, como . E para quem quiser saber mais sobre as emendas parlamentares de apoio à agroecologia que estou encaminhando é só olhar aqui: https://www.facebook.com/claudia.visoni/posts/10208758895806460 e
https://www.facebook.com/claudia.visoni/posts/10208933550132709

Na zona rural de Assis fui visitar Ísis, Lucia e Iara Jaloretto, que são novas rurais. Elas acabaram de mudar definitivamente para a Chácara Tabebuia, onde cultivam uma horta maravilhosa e construíram um galinheiro chic no último. Família feminina agroecológica produzindo alimentos orgânicos de alta qualidade que são comercializados na região pelo Curiohorta. Detalhe importantíssimo: minha mãe, Maria Wanda, nasceu em Quatá, que fica só a 50 km de Assis.

ECHAPORÃ – Cidadezinha linda, cujo nome em guarani significa bela vista. Tem 6 mil habitantes e está se tornando um destino charmoso de ecoturismo por causa das suas paisagens e cachoeiras. Cida Beduschi e Meira Cardoso são agricultoras urbanas que no quintalzão lindo da Horta da Chácara plantam hortaliças incríveis. Elas também são as editoras do jornal da cidade, o interessante e bem escrito Clarin (https://www.facebook.com/Jornal-O-Clarim-184721575490455/). Os problemas ali, como em muitos outros lugares, é a pressão para lotear e virar condomínio junto com a falta de valorização do trabalho de agricultora. Um maço imenso com vários pés de rúcula colhidos na hora custa R$ 4 e há reclamações sobre o preço. Pouca gente leva em conta que uma hortaliça representa vários meses da vida de quem cultiva a terra. Se fosse para remunerar mesmo o trabalho desde produzir a semente até colher a próxima geração de rúculas, cada pezinho deveria custar R$ 40. Entendo o momento de falta de grana, mas nunca vejo ninguém bufar na loja por causa do preço de cosméticos ou cerveja, por exemplo.

BOTUCATU – Fui visitar amigos que também fazem parte do mundo da regeneração. Primeiro passei pelo Sítio Beira Serra, onde vivem Tomaz Lotufo, Danuta Chmielewska, filhos e mais uma comunidade de parentes. Uma eco-vila familiar onde rola experimentação aqui

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